quarta-feira, 5 de abril de 2017

Lendo Contos | O Dia em que a Inspiração Apareceu

Ilustração de Capa: Mario Cau

"As pessoas não leem mais. Preferem discutir.” “Discutir? Discutir o quê?” O Escritor ficou em silêncio por alguns segundos, procurando uma forma de organizar suas ideias. “Tudo”, finalmente disse. “Política. Futebol. Economia. Hoje em dia, as pessoas querem apenas ter razão. Mostrar que está certo se tornou mais importante que estar certo. As pessoas não se questionam mais e procuram apenas textos que provam, antes de tudo, que elas sempre estiveram certas. Textos cheios de razões e certezas absolutas sobre aquilo que elas defendem."
Trecho do Conto

Olha, eu passei um tempão pensando aqui e não encontrei uma maneira melhor de te apresentar este conto do que esse trecho acima.

O Dia em que a Inspiração Apareceu fala de um escritor que está passando por um momento de questionamento, de falta de motivação, onde ele não vê mais importância e nem propósito para continuar a escrever. É aí então que ele recebe uma visita. A visita de uma mulher misteriosa...

Eu desconheço uma pessoa que trabalhe com criatividade, seja escrevendo, pintando, dançando, produzindo vídeos, seja qual for a sua atribuição, que não tenha passado por um momento de introspecção que resulte nas mesmas dúvidas do escritor. Cada um arruma uma justificativa uma causa para as próprias dúvidas. No caso do conto, ele acha que as pessoas não deixam mais as histórias as tocarem, não deixam mais os textos mexerem com elas. Bem... se você está lendo este texto até aqui, aí vai um spoiler, você sabe que o escritor está errado, certo?!

Mas o importante, nesse conto do paulista Rob Gordon, não é a conclusão (que é incrível, vai por mim), mas a jornada. É a trilha pela qual o escritor e sua companheira de viagem o transportam que importa. É o passo a passo quase didático neste passeio pelas consequências do que o texto pode provocar na vida alheia. E esse é o poder da arte, seja em qual forma for: causar consequências.

O escritor vai percebendo ao longo do texto o que importa e o que é importante importar. A viagem vai mostrando a ele (e a você também, basta se permitir) coisas sensacionais. Instigando, provocando, responsabilizando o escritor por futuros que ele não imaginou. Ele vai entendo o poder que possui e a mágica de que é capaz.

Você lê esse texto e aí se interessa pelo conto, compra o conto clicando nesse link, aí lê e se encanta, puxa o Whatsapp e envia o link para aquela pessoa com quem costumava compartilhar textos no final do ano passado e sabe lá porque vocês pararam de conversar, foi a rotina, foi a insegurança, acabaram os bons textos, nem você sabe e muito menos eu sei, mas aí você indica o conto, marca um café para comentar sobre ele depois e... PÁ!
Se de alguma forma isso começou - ou recomeçou - aqui, você percebe o que eu quero dizer, certo?!

A mulher misteriosa, a visita do escritor, também tem poderes mágicos, mas ela tem, acima de tudo, uma necessidade básica. E eu vou parar por aqui, para não estragar sua leitura.

Eu vou confessar que comprei o conto pela arte de capa, que é linda. Eu nem tinha lido a sinopse, assim que comprei o Kindle, mas foi a primeira coisa que eu coloquei na lista de Próximas Leituras... só que o conto vai bem além da capa.

O texto do Rob tem cheiro de maresia, tem aquele gosto de fim de tarde, de pôr-do-Sol em noite clara, tem aquela cara dos riffs do Kings of Leon em WALLS, tem jeito de café compartilhado e eu acho que deu para entender mais ou menos o que eu quero dizer.
Claro, essas são as minhas sensações com o conto (e em breve a gente conversa mais sobre livros e sensações aqui no blog), e assim como todo texto, ele pode te provocar outras dezenas de sensações. Centenas, talvez.

Se eu recomendo? Bem, basta dizer que eu li esse conto no momento certo, e, não fosse ele, vocês não estariam lendo nada disso por aqui. Eu não estaria escrevendo nada disso por aqui. Não é fácil entender os sopros da inspiração e encontrar a razão de fazer o que tem que ser feito. Então, muito obrigado, Rob, de coração!

Rob Gordon é publicitário, jornalista, escritor e roteirista. Mantém no ar o Championship Vinyl e o Championship Chronicles no ar. Já roterizou HQ e tem livros publicados de forma independente. O Dia em que a Inspiração Apareceu é seu primeiro conto disponível na Amazon.

A capa, que eu tanto amei, é um trabalho do Mario Cau e você pode conferir mais do trabalho incrível dele aqui. É SÉRIO, CLIQUE NESSE LINK!

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