segunda-feira, 15 de maio de 2017

Clássicos em HQ | Realidade, Ficção, Suspense e Desejo

O que tem em comum entre o seriado Lost, literatura argentina e um quadrinista francês? 

A resposta?

O livro A Invenção de Morel, obra prima do argentino Adolfo Bioy-Casares, escrito em 1940 e sua adaptação para os quadrinhos em 2006 pelo francês Jean-Pierre Mourey, publicada no Brasil pela L&PM em 2014. A narrativa onde não se distingue, a principio, o que é real e o o que pode ser alucinação, foi inspiração para o seriado de TV que é recheado de referências literárias.

Um fugitivo da justiça, escondido em uma ilha deserta, assiste à chegada de um grupo de veranistas ao local. Preocupado com sua segurança, observa o grupo a distância. Uma mulher em especial chama sua atenção, Faustine.



Aos poucos, percebe que algo estranho se passa entre os recém-chegados. Os visitantes parecem obedecer sempre a um mesmo programa. Movimentos e encontros se repetem no mesmo horário e local, envolvendo as mesmas pessoas. Veranistas conversam e dançam sob forte chuva, sem parecer se preocupar. Nadam em uma piscina cuja água jamais foi trocada, cheia de sapos, sem parecer se incomodar.



Seriam pessoas reais? Estariam nesta dimensão? Estaria o fugitivo sofrendo de alucinações, causada pela misteriosa doença que manteve a ilha desabitada? Quem é essa mulher, Faustine, por quem o fugitivo desenvolve verdadeira obsessão? Quem é este homem, Morel, que parece persegui-la? E o que são as estranhas engrenagens, instaladas no porão de uma construção da ilha?

Desesperado para entender o que acontece e cada vez mais obcecado por Faustine, a quem segue em todos os momentos possíveis na ilha e lhe parece inalcançável, o fugitivo imagina que talvez ela e Morel sejam a chave para entender o mecanismo delicado do momento em que se encontra.



Adaptar para os quadrinhos a obra prima do argentino Adolfo Bioy-Casares parecia um daqueles desafios quase impossíveis. A invenção de Morel é um misto de fantasia e suspense. No entanto, o francês Jean-Pierre Mourey encarou a parada. Com uma paleta bicromática, uma narrativa simétrica, onde cada uma das três partes corresponde a uma parte do livro, Mourey recria o livro de Bioy-Casares em imagens.


No final do livro, um posfácio, escrito pelo quadrinista fornece algumas chaves, segundo ele mesmo, para a leitura da adaptação

Extremamente indicado para quem quer conhecer o texto de Bioy-Casares, mas tem receio de encarar um clássico, a obra presenteia também quem já conhece o original. Recomendadíssimo!





Para ler:

O livro original de Bioy-Casares (que segundo o escritor Jorge Luis Borges, é "uma trama perfeita")
As Obras Completas de Bioy-Casares (que traz o livro completo além de outros cinco livros do autor)


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