sábado, 20 de maio de 2017

Resenha | Lapidando Estrelas


Em Agosto de 2015, poucos meses antes do lançamento de Star Wars: O Despertar da Força, a gente gravou esse vídeo aí abaixo, com tudo que tinha disponível de Star Wars nas prateleiras brasileiras. Na época, o livro do texto de hoje ainda não tinha sido lançado, por isso vamos de textão sobre ele!



Hoje a gente vai falar de Star Wars: Estrelas Perdidas (no original Star Wars: Lost Stars), da autora Claudia Gray (lançado aqui no Brasil pela Seguinte, selo jovem adulto da Companhia das Letras), que faz uma excelente mistura de tudo o que esse universo tem de melhor: cenas fantásticas de batalhas espaciais, intrigas políticas, romance proibido e personagens envolventes.

Claudia, que começou escrevendo a série de vampiro Evernight, (publicada aqui no Brasil como Noite Eterna), já tem experiência com a mistura de romance jovem adulto e aventuras baseadas em ficção científica. É dela, por exemplo, a série Firebird, romances que falam de viagem temporal e colecionam críticas positivas (e capas maravilhosas). A autora tem uma escrita esperta, dosando bons plot twists ao longo da trama, e excelentes ganchos entre os capítulos, o que mantém o leitor virando páginas de maneira voraz.

Mas e o livro, Filyppe? É, é verdade, vamos ao livro...

Star Wars: Estrelas Perdidas, traz um romance carregado de drama shakesperiano utilizando o universo de Star Wars como pano de fundo, especificamente a trilogia clássica, mas indo além, abrindo espaço para os eventos de Episódio VII.

Nele somos apresentados a Jelucan, último planeta a ser anexado ao Império, oito anos após a queda da Velha República e aos acontecimentos ocorridos no Episódio III. Temos um planeta habitado por duas ondas de colonizadores, a primeira que foi quem meteu a mão na massa e tornou o lugar habitável e a segunda, do pessoal arrumadinho e bonitinho que chegou lá depois que já estava tudo organizado e funcionando. O resultado disso é que as duas colônias não se dão bem, a primeira acha a segunda esnobe e engomadinha e a segunda acha a primeira um grupo tosco e pouco inteligente.

No dia da festa de anexação ao Império, no entanto, um jovem da segunda onda, Thane Kyrell, acaba impedindo Ciena Ree, uma garota da primeira onda, de se meter numa briga feia com outros garotos. Ali se forma uma amizade que, de certa forma, é apadrinhada pelo grão moff Tarkin (o braço direito do Darth Vader).

Eles descobrem possuir muito mais em comum do que as aparências deixam ver, e passam a se encontrar várias e várias vezes, no começo, apenas para treinar vôo em uma velha nave da família de Thane, já que a família de Ciena não tem uma condição financeira tão privilegiada. No entanto, com o tempo, passam a querer dividir a companhia um do outro o tempo todo, mesmo contra a aprovação de suas famílias.

Anos mais tarde ambos vão estudar na Academia Imperial de Coruscant, onde por conta da rotina, acabam se aproximando cada vez mais. Até que, ao final do primeiro ano letivo, se vêem envolvidos na sabotagem de um projeto e acabam se distanciando. Os dois se formam na academia, e apesar da distância agravada por suas imensas diferenças de personalidade, descobrem nas coisas em comum, que se gostam mais do que como amigos. Acontece que bem aí (tcham-tcham-tcham-tchaaaaam) seus destinos são separados, quando Ciena é designada para o Destróier Estelar Devastator, enquanto Thane é enviado como piloto de TIE Fighter para AQUELA BASE SECRETA (SIM, É DA ESTRELA DA MORTE EM PESSOA QUE ESTAMOS FALANDO!)

O livro passeia ao longo da trilogia clássica falando de moral, honra, fé, ideologia, achar seu lugar no mundo, medo, vergonha, sonhos e amor, muito amor. Ciena e Thane viajam pela galáxia buscando uma resposta para seus dilemas inquietantes, sentimentais e filosóficos, enquanto fazem o que sabem fazer de melhor, pilotar suas naves e lutar pelo que acreditam (e às vezes, pelo que não acreditam também).

Eles estão lá durante a captura da nave de Leia, a explosão da Estrela da Morte, a Batalha de Hoth, a Batalha de Endor… e até depois dela, na Batalha de Jakku (esse é aquele planeta onde a Rey mora, aquele onde ela invade um Destróier Estelar caído em sua superfície, n’O Despertar da Força, lembra?). Quem assistiu aos filmes da franquia, vai se deliciar com todas as referências.




Volto aqui à escrita da Claudia Gray, que num jogo de capítulos intercalados, traz os fatos mais importantes da série visto pelos olhos de gente comum, da mão de obra do Império ao soldado voluntário da Aliança Rebelde. Dadas as diferenças de personalidade entre os dois, esse caminho era o único possível de ser trilhado. É nas pistas de decolagem, nas salas de comando, na ponte de destróieres, no cockpit de X-Wings que vemos a diferença principal entre o livro e a franquia dos cinemas. A força d’A Força aqui é quase inexistente e o poder dos jedis é praticamente motivo de piada. É um romance militar, um Romeu e Julieta nas trincheiras de uma guerra nas estrelas que vai da queda da República até depois da queda do Império.

Um parêntese mais ou menos médio aqui:

Estrelas Perdidas foi lançado como parte da Jornada Para Star Wars - O Despertar da Força, que foi desenhada para ser a ponte entre os acontecimentos da trilogia clássica e que, na época, era o filme mais recente da franquia. Havia muita expectativa, porque era a primeira vez que veríamos um filme novo do cânone no cinema depois de 10 anos, desde o lançamento do Episódio III, em 2005. Para o lançamento desta película foram produzidos diversos quadrinhos, livros juvenis ilustrados, romances jovem-adulto e adulto, além de guias de batalhas, guias de naves, enfim… Para conferir a lista completa de todo o material produzido, assopre o seu indicador e clique beeeeeeem aqui.

Toda essa explicação foi para situar o não-fã (e o fã que morava embaixo de uma pedra, ou o fã que conheceu o universo de 2015 para cá) da importância deste livro. Era a primeira vez que um material oficial da série traria acontecimentos posteriores aos passados no Episódio VI, último filme da série até então. Tudo ali era novidade e isso é parte do que faz esse livro tão importante.

Personagens verossímeis e cativantes, acontecimentos inéditos na franquia, batalhas bem descritas e um romance fadado ao fracasso, fazem deste um livro imperdível. Estou chateado por ter demorado tanto a lê-lo.




Se você gosta de romance e não assistiu Star Wars, esse livro vai fazer você querer ter visto a série.
Se você já gosta de Star Wars, esse livro vai fazer você querer ver tudo de novo!



Para ler: 

Star Wars: Estrelas Perdidas > Livro Físico

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